Os assassinatos de detentos no sistema carcerário maranhense prosseguem, e mostram que as “medidas emergenciais” levadas a cabo pelo governo Roseana Sarney (PMDB) para conter a séria crise que se instalou nos presídios no fim do ano passado fracassaram.
Vinte e cinco presos (a maioria formada por líderes de facções) foram transferidos para um presídio federal de segurança máxima, em Campo Grande (Mato Grosso do Sul); o Batalhão de Choque, da Polícia Militar do Maranhão, e a Força Nacional (federal) tomaram conta das sete unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, realizando revistas quase diárias nas celas; um órgão com nome pomposo – Comitê Gestor de Ações Integradas – foi criado pelo governo estadual para enfrentar a crise prisional; e um mutirão para analisar os processos dos apenados foi realizado pela Defensoria Pública do Estado.
No entanto, nada disso parece estar dando resultados efetivos. As mortes nas prisões do Maranhão continuam. Oito apenados foram mortos neste ano no estado, quatro em Pedrinhas, um na CCPJ do bairro do Anil e três em cidades do interior (Santa Inês, Balsas e Itapecuru-Mirim). Apenas mudaram os meios utilizados.
Com acesso restringido, pelas revistas periódicas nas celas, a armas de fogo e brancas – revólveres, “chuços” (faca artesanal), facões –, os presos agora estão usando, para matar seus desafetos, o que a Secretaria de Segurança do Maranhão chama de “outros meios”: enforcamento (com lençóis, fios elétricos ou o que estiver à mão); estrangulamento (com objetos ou com as próprias mãos); ou espancamento. Sete dos oito detentos mortos neste ano no sistema penitenciário do Maranhão foram assassinados dessa forma. Um foi morto a “chuçadas”.
(Oswaldo Vviane, JP)
PRESOS MORTOS ESTE ANO
1 – Josinaldo Pereira Lindoso, 35
Encontrado estrangulado na manhã de 2 de janeiro, na cela 9 do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas. Tinha condenação por assalto.
2 - Sildener Pinheiro Martins, 19
Morto a “chuçadas”, igualmente no dia 2 de janeiro, à tarde, também no Centro de Detenção Provisória (CDP), numa cela do Bloco Alfa. Acusado de assalto e homicídio. Sem condenação.
3 – Jô de Sousa Nojosa, 21
Assassinado por enforcamento, com uma “teresa” (corda improvisada), no dia 21 de janeiro, na cela 7 do bloco D da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) de Pedrinhas. Tentou entrar com maconha e um celular, numa visita a um detento. Preso porque já havia um mandado de prisão contra ele, por porte ilegal de arma. Sem condenação.
4 – Cledeilson de Jesus Cunha, 37
Assassinado por estrangulamento na Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) de Santa Inês (a 245 quilômetros de São Luís) em 22 de janeiro. Cumpria condenação por assalto e respondia também por participação no homicídio de Josinaldo Pereira Lindoso, no CDP de Pedrinhas, em 2 de janeiro.
5 – Valdiano Fernandes da Silva, 27
Espancado no domingo (26) por quatro presos, na Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) de Balsas (a 790 quilômetros de São Luís), morreu na terça (28), no Socorrão de Imperatriz. Estava preso por assalto. Sem condenação.
6 – Joelson da Silva Moreira, o ‘Índio’, 29
Espancado no dia 7 de fevereiro (sábado), por outros detentos, na Delegacia Regional de Itapecuru-Mirim (a 120 quilômetros de São Luís). Foi trazido no mesmo dia para a capital e internado no Hospital Municipal Dr. Clementino Moura (Socorrão 2), com múltiplos ferimentos, em estado grave. Morreu na noite de quarta-feira (12).
7 – João Francisco Diniz Pereira, 25
Encontrado enforcado na Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) do bairro do Anil, na tarde do dia 26 de fevereiro, na cela 4 do Pavilhão Externo. Tinha 6 presos na cela. João Francisco cumpria pena de mais de 17 anos por assaltos e tráfico de drogas. Havia ingressado no dia 25 de janeiro de 2012 no sistema prisional maranhense.
8 – Pedro Elias Martins Viegas, 30, o ‘Jacaré’
Assassinado por enforcamento na tarde (15h09) de 1º de março, no Bloco 1 do Centro de Detenção Provisória (CDP – Pedrinhas). Preso por tráfico de drogas, “Jacaré” havia sido transferido do Centro de Triagem para o CDP um dia antes de ser morto (28 de fevereiro). Não tinha condenação.
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