Hoje de manhã, uma multidão foi às ruas de Codó clamar por liberdade. Estudantes, trabalhadores rurais, empresários e autoridades. Todo mundo junto com o mesmo desejo – acabar com uma prática que mantém o Maranhão em lugar destaque: o trabalho escravo.
O Estado ocupa a 5ª posição na lista do trabalho escravo e 40% dos trabalhadores escravizados no Brasil são maranhenses, sendo que o município de Codó tem participação expressiva nesse contingente devido a grande exportação de trabalhadores para a região sudeste do país devido a falta de políticas públicas para melhorar os indicadores sociais, principalmente, nos municípios mais pobres.
“Falta, primeiramente, o diálogo. Não existe uma causa ou apenas um responsável por isso. Existe uma série de fatores que leva o trabalhador a sair de sua casa, de próximo de sua família e vá trabalhar em outro local. Falta oportunidade e condições de trabalho. Faltam politicas públicas e não é apenas em apoio aos trabalhadores, mas às crianças e a tudo que move o trabalho escravo”, disse o juiz do Trabalho, Manoel Veloso.
Foi com base nesses e em outros dados do Ministério do Trabalho e Emprego e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que a Comissão para a Erradicação do Trabalho Escravo no Maranhão está realizando a Caravana da Liberdade. O projeto tem o objetivo de colocar em prática atividades preventivas e de fiscalização nos municípios com altos índices de trabalho escravo e infantil.
Ontem a Caravana foi a Peritoró. Hoje e amanhã estarão sendo desenvolvidas atividades na cidade de Codó. A passeata partiu da Avenida Santos Dumont e na Avenida Augusto Teixeira ganhou mais integrantes, um grupo de estudantes se juntou e ampliou a manifestação. Nos cartazes e nas faixas abertos ao longo do percurso expressava bem a vontade de cada um: estudantes e trabalhadores pedindo o fim da exploração no campo de trabalho.
Na programação da Caravana da Liberdade está prevista uma série de eventos. Além da passeata, painéis, oficinas, roda de conversa, depoimentos dos trabalhadores resgatados, exposições fotográficas, serviços de saúde, exibição de vídeos, entre outras ações ficarão disponíveis para a comunidade codoense na Universidade Federal do Maranhão e todo mundo pode abraçar essa ideia.
A passeata terminou na Praça Ferreira Bayma, em frente a prefeitura de Codó. O procurador do Trabalho, que está a frente da mobilização detalhou as medidas serão tomadas e que podem ser adotadas por todos para erradicar o trabalho escravo no Maranhão.
“A questão do trabalho escravo aqui, é endêmica, sempre ocorreu e continua ocorrendo, apesar da atuação com fiscalização do trabalho, nossa atuação judicial e apesar da repressão, o trabalho continua. Então, a gente entende que além da repressão tem que haver o trabalho preventivo e isso depende muito dos órgãos locais. Do município, dos sindicatos, da população de modo geral e o fato de hoje os estudantes estarem participando da caravana, é muito importante porque eles serão os futuros trabalhadores que não vão deixar se submeter a essas condições de trabalho”, disse o procurador.
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