Agentes da Polícia Civil fizeram abordagens na chácara no Turu e efetuaram a prisão de suspeitos, encaminhados a Delegacia para averiguações
Depois de receber uma denúncia anônima de que integrantes da facção ‘Bonde dos 40’ participavam de uma festa regada a bebidas alcoólicas e drogas numa chácara no Parque Vitória (Altos do Turu II), a Superintendência de Polícia Civil da Capital (SPCC), com apoio da Seic (Superintendência Estadual de Investigações Criminais) e da Senarc (Superintendência Estadual de Narcóticos), utilizando 24 agentes civis, realizou uma grande operação na casa, na tarde-noite de sábado (16), acabou com a festa, deteve 247 pessoas – dentre elas, 130 menores -, apreendeu pequenas porções de maconha, crack e loló e apreendeu duas armas de fogo: uma pistola ponto 40, pertencente a um sargento da Polícia Militar responsável pelo som da festa, e um revólver de proprietário não identificado.
Na operação, a polícia derrubou o portão da chácara com a viatura, atingindo um participante da festa, que ficou debaixo do veículo, fez disparos com balas de plástico e usou bombas de som e luz. Segundo informou ao Jornal Pequeno o delegado Henrique Mesquita, da Seccional Leste da Polícia Civil, a ação extrema de derrubada do portão, foi necessária diante da suspeita da presença de integrantes da facção ‘Bonde dos 40’ na chácara. “Não íamos chegar lá batendo à porta, porque a denúncia era de que iríamos lidar com bandidos de alta periculosidade, pois tínhamos informantes na festa”, afirmou o delegado Mesquita.
Dos 274 detidos e levados para a Seic, uma pessoa foi autuada em flagrante e ficou presa: a comerciante Adelma Santos Silva, de 33 anos, proprietária de uma loja de confecções no Altos do Turu, que alugou a casa.
Dos 274 detidos e levados para a Seic, uma pessoa foi autuada em flagrante e ficou presa: a comerciante Adelma Santos Silva, de 33 anos, proprietária de uma loja de confecções no Altos do Turu, que alugou a casa.
Ela foi enquadrada nos artigos 243 e 244 B, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): fornecimento de bebida alcoólica a menores e corrupção de menores. Segundo a polícia, um integrante do Bonde dos 40 identificado como ‘Maçã’, que estaria na festa, segundo o informante infiltrado, teria fugido pulando o muro dos fundos da chácara.
“FESTA DE ANIVERSÁRIO”
Pertencente ao jornalista Lourival Bogéa, a ‘Chácara Zé Pequeno’ é alugada aos finais de semana para aniversários, batizados, casamentos, confraternizações de um modo geral e retiros religiosos; alguns com contratos assinados, outros, verbalmente pelo próprio ‘caseiro’ Jorge Figueiredo, primo de Lourival, que tem autonomia para fazê-lo. Na semana passada, Jorge foi procurado por Adelma Freitas, que queria alugar a casa para o aniversário do seu filho, o adolescente J.R, de 16 anos.
Tudo acertado, no sábado à tarde, o ‘caseiro’ ‘entregou’ a chácara à comerciante. “Mas jamais imaginei que ela faria esse tipo de festa, ainda mais cobrando entrada, como foi o caso; mesmo porque essa é a determinação de Lourival, para que a casa seja alugada para eventos sem grande quantidade de pessoas”, disse Figueiredo ao JP. “Entreguei a casa e fui almoçar com a minha mãe, no Caratatiua. Quando soube já foi da confusão”, complementou.
Autuada em flagrante na Seic, Adelma Freitas contou que alugou a chácara por 350 reais, apenas para a tarde-noite de sábado, para comemorar o aniversário do seu filho J.R, que se encarregou de fazer toda a divulgação da ‘Festa Vip’ (‘Vip-Fest’) em grupos de Whats App integrados por seus amigos e colegas de escola e do bairro. “A divulgação da festa nos grupos previa uma cobrança de uma entrada de dez reais apenas para os homens, sendo que as mulheres teriam entrada liberada”, disse Adelma.
Segundo ainda a comerciante, o convite da festa se disseminou em outros grupos de Whats App, o que fez com que ela e seu filho perdessem o controle da quantidade de pessoas avisadas. Diante disso, afirmou que contratou duas pessoas, de maior idade, para fazer a segurança da festa e controlar a entrada. Adelma disse que ela própria fez a venda de bebidas alcoólicas (vodka e cerveja), mas que não estava vendendo para menores.
E que não sabia, conforme estavam afirmando as autoridades, que no local estava havendo consumo de drogas, só vindo a ter ciência disso quando um dos seguranças encontrou uma mochila com frascos de lança-perfume. “Neste momento, peguei o microfone e adverti os presentes de que no local não podiam ser consumidas drogas”, relatou Adelma na Seic.
Disse ainda a interrogada que tomara conhecimento de uma divulgação nos grupos, de que haveria desfile de garotas de biquíni. “Essa divulgação não partiu da organização da festa”, ressaltou a comerciante, garantindo que essa atração não estava prevista para a festa.
Sobre armas de fogo, afirmou que na festa havia apenas uma pessoa portando arma de fogo: o dono da aparelhagem de som, um sargento da Polícia Militar (contratado).
Por fim, Adelma, que realizava ‘Vip-Fest’ no interior do Estado, principalmente em Alto Alegre, disse que nunca foi presa nem processada, e também que seu filho JC nunca foi apreendido.
Só ‘Maçã’ – Todas as pessoas detidas passaram por uma triagem, não ficando confirmada a presença de nenhum integrante do ‘Bonde dos 40’ entre as 247 pessoas conduzidas para a Seic. O único suspeito, o conhecido ‘Maçã’, que estaria no evento, não foi encontrado.
“Quando nós chegamos, várias pessoas pularam o muro dos fundos e uma dessas pessoas, segundo nosso informante do local da festa, era ‘Maçã’, que integra o ‘Bonde dos 40’, disse ao Jornal Pequeno um policial que participou da operação, acreditando, ainda, que os demais que pularam o muro também seriam integrantes de facção.
“A Polícia agiu da forma que achou conveniente, com base na informação que chegou até ela, de que estava havendo uma festa de facção criminosa numa chácara. Mas, pelo visto, a informação não procedia; afinal, o evento foi organizado por uma comerciante, devidamente estabelecida, que, se errou, foi por ter perdido o controle do evento e permitido a entrada de menores onde havia exagerado consumo de bebida alcoólica e até algum consumo de drogas. Daí a dizer que a facção criminosa Bonde dos 40 estava no comando da festa, convenhamos, existe um certo exagero. A gente entende a preocupação e a responsabilidade das autoridades, mas é preciso que se tenha cuidado com a disseminação desse tipo de informação, que, no nosso ver, acaba fortalecendo essas facções criminosas, que já ‘se acham”, disse ao Jornal Pequeno o jornalista Lourival Bogéa, proprietário da chácara ‘Zé Pequeno’.
O ‘caseiro’ Jorge Figueiredo deve prestar depoimento, nesta terça-feira, no inquérito aberto pela Superintendência de Polícia Civil da Capital (SPCC).
Da redação do Jornal Pequeno
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