Crianças foram submetidas a exames no IML de Teresina (Foto: Ellyo Teixeira/ G1)
Três meninos que também teriam sido submetidos a um ritual de purificação em um salão de umbanda, localizado a 20 km da cidade de Timon, no Maranhão, foram levados ao Instituto Médico Legal de Teresina (IML) e passaram por exames de corpo de delito. As crianças chegaram por volta de 17h de terça-feira (3) e segundo a conselheira tutelar Socorro Arraes, as suspeitas de abuso sexual e tortura não foram confirmadas pelos procedimentos.
Conselheira Socorro Arraes
(Foto: Reprodução/TV Clube)
(Foto: Reprodução/TV Clube)
“Foram feitos os exames e não ficou comprovado nem abuso sexual e nem agressão física. Essas crianças também estiveram no salão de umbanda e essa análise é justamente para saber se eles também sofreram lesões como a menina de 10 anos que morreu. Agora iremos encaminhar os resultados para o Ministério Público e para a Polícia Civil. Mais crianças continuam sendo investigadas”, contou.
As crianças foram levadas para fazer exames, depois da confirmação que a menina que morreu na semana passada foi vítima de abuso sexual. A informação foi dada pelo conselho tutelar que teve acesso ao exame realizado pelo Serviço de Apoio à Mulher Vítima de Violência Sexual (Samvvis).
A promotora de justiça da Vara da Infância e Juventude de Teresina, Vera Lúcia Santos, que acompanha o caso também confirmou o estupro. Ela disse que todas as crianças que frequentaram o ritual de cura vão passar por exames para saber se sofreram tortura ou foram vítimas de abuso sexual.
“Estas outras crianças fazem parte da mesma família. Elas são irmãos e primos que frequentavam o mesmo ambiente da menina falecida na semana passada. Pedimos estes exames porque queremos saber se houve violência sexual e atos de tortura”, declarou a promotora.
A Delegacia Geral da Polícia Civil informou em nota nesta terça-feira que já foram ouvidas várias testemunhas como familiares, médicos e vizinhos da criança (que morreu) e que outras pessoas ainda prestarão depoimento nos próximos dias.
A delegada Tatiana Trigueiro, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, informou também que as perícias técnicas estão sendo realizadas, mas que não adiantará detalhes da investigação até que todos os laudos estejam finalizados, como o relatório de toxidade do líquido que supostamente teria sido ingerido pela vítima e a autópsia, cujo prazo para conclusão é de 30 dias.
Djan Moreira, conselheiro tutelar, está
acompanhando o caso (Foto: Catarina Costa/G1)
acompanhando o caso (Foto: Catarina Costa/G1)
Criança abusada
O conselheiro tutelar Djan Moreira confirmou para o G1 nessa segunda-feira (2) que a menina morta por suspeita de intoxicação foi abusada sexualmente e estava infectada com vírus HPV (human papilomavirus). O resultado desse exame foi encaminhado para a Polícia Civil, assim como a primeira análise do líquido ingerido pela vítima.
Segundo a promotora Vera Lúcia, a análise feita em Teresina descartou a hipótese que a bebida ingerida pela criança continha veneno de rato. No entanto, o resultado não retira a possibilidade de envenenamento e a suspeita só pode ser confirmada através do exame toxicológico, realizado durante a autopsia no corpo da vítima. Este laudo foi encaminhado para Goiás e o resultado deve ser liberado no prazo de 30 dias.
Hospital de Urgência de Teresina (Foto: Fernando
Brito/G1)
Brito/G1)
Entenda o caso
No dia 28 de abril uma menina de 10 anos, internada há 15 dias no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), morreu com suspeita de intoxicação e tortura que teria sido praticada em uma cerimônia religiosa. Um dia antes de vir a óbito, profissionais do HUT suspeitaram do abuso e pediram uma perícia para Serviço de Atenção às Mulheres Vítimas de Violência Sexual (Samvis).
No dia 28 de abril uma menina de 10 anos, internada há 15 dias no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), morreu com suspeita de intoxicação e tortura que teria sido praticada em uma cerimônia religiosa. Um dia antes de vir a óbito, profissionais do HUT suspeitaram do abuso e pediram uma perícia para Serviço de Atenção às Mulheres Vítimas de Violência Sexual (Samvis).
Os pais da menina prestaram depoimento na segunda-feira (03) na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). “Não sei quem fez isso com a minha filha e só posso falar mais com autorização do meu advogado”, se limitou a dizer a mãe da criança ao ser perguntada sobre quem poderia ter praticado o abuso contra sua filha.
A titular do caso, delegada Tatiana Trigueiro, disse que não vai se pronunciar até que as investigações tenham terminado. Para o conselheiro tutelar Djan Moreira, os pais da vítima devem ser responsabilizados pelo o que aconteceu a filha.
Investigação
Para a polícia, os pais da vítima relataram que frequentavam um salão de umbanda em Timon, no Maranhão, para tratar a asma da filha e pagariam R$ 3 mil pelo tratamento. O Conselho Tutelar de Teresina, afirmou ao G1 que a mãe deu pelo menos três versões aos conselheiros sobre como conseguiu o líquido ingerido pela garota após ritual. Uma delas foi a de que ela mesma teria produzido a mistura à base de ervas e açúcar.
Para a polícia, os pais da vítima relataram que frequentavam um salão de umbanda em Timon, no Maranhão, para tratar a asma da filha e pagariam R$ 3 mil pelo tratamento. O Conselho Tutelar de Teresina, afirmou ao G1 que a mãe deu pelo menos três versões aos conselheiros sobre como conseguiu o líquido ingerido pela garota após ritual. Uma delas foi a de que ela mesma teria produzido a mistura à base de ervas e açúcar.
O delegado geral Riedel Batista reiterou que o caso da menina de 10 anos continuará sendo acompanhado pela DPCA e os demais registros de tortura que tenham sido praticados no salão de umbanda em Timon serão investigados pela Polícia Civil do Maranhão.
Vara da Infâcia:
A juíza da 1° Vara da Infância e Juventude de Teresina, Maria Luiza de Moura Melo, disse que autorizou o Conselho Tutelar a recolher qualquer criança desacompanhada que apareça com as mesmas características dessa vítima (cabelo raspado e cicatrizes em forma de cruz).
“Elas serão levadas para um abrigo, podendo os pais ter a suspensão da guarda ou até mesmo a destituição do poder familiar. O Conselho tem 24 horas para informar esses casos”, falou a juíza.
Filhas de dona de salão negam tortura:
Em entrevista ao G1 na semana passada, duas filhas da proprietária do salão de umbanda, onde os pais levavam a menina, negaram que as pessoas que frequentam o local sejam torturadas. Sem quererem se identificar, as mulheres afirmaram que os cortes nos praticantes de umbanda são superficiais e feitos com o consentimento dos responsáveis.
Uma das filhas da proprietária do salão de umbanda afirmou que ela e seus filhos passaram pelos procedimentos várias vezes e nunca sentiram nada e negou o uso de bebidas nos rituais. De acordo com a mulher, o ritual acontece da seguinte forma: a pessoa doente fica recolhida no quarto durante sete dias, recebendo apenas orações.
Sem deixar fazer o registro de foto ou vídeo, as mulheres mostraram algumas marcas pelo corpo e apresentaram os filhos com a cabeça raspada, informando que eles passaram pelos mesmos rituais.
Da Redação Portal-CN
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