Há uma gritaria danada sobre o aumento do preço do arroz, que figura na cesta básica e em nossa cultura alimentar, indispensável em nossas mesas e nas do mundo todo. Como tudo mudou, até a linguagem, o aumento do custo de vida, que hoje chama-se “alta no preço de alimentos”, antigamente era “carestia”.
O Maranhão foi um grande produtor de arroz, o segundo do Brasil. O primeiro era Goiás. O nosso arroz era de sequeiro, esse que não precisa de irrigação. Depois da modernização da lavoura, com a entrada da mecanização, nós perdemos essa posição.
O aumento do arroz foi de cerca de 25% em 2020. O Ministério da Justiça resolveu cobrar informações dos supermercados, e o Ministério da Economia, que teoricamente é contra qualquer intervenção no mercado, resolveu tomar satisfações com o Ministério da Justiça. Adam Smith não toleraria isso, nem o Olavo de Carvalho. Nem a Escola de Chicago. Assim, a imprensa me chamou à colação dizendo que queriam reeditar o Plano Cruzado. Eu, aqui comigo, penso que, se perguntassem ao povo se ele tem saudades do Plano Cruzado, ele diria que sim. Mas esse é um tempo que já passou.
O aumento dos preços já foi debitado à ajuda dada ao povo mais pobre no período da Covid pelo Congresso, certíssima e humana. Se fosse isso, significaria que os mais pobres não tinham nem como comprar arroz, passavam fome brava. E, como não comem aço, não podem ser culpados pelo aumento, que também houve, do preço do aço. O que se sabe é que, no caso do arroz, uma série de fatores contribuiu: a queda na produção, que foi de 12,3 milhões de toneladas em 2015 e caiu para 10,4 o ano passado, sendo estimada em 11,2 neste ano; o aumento do custo dos insumos, devido à desvalorização da moeda, boa para a exportação; e a própria exportação, com a produção brasileira mais competitiva também pelo câmbio.
Como hoje em dia os supermercados não têm campanha contra a carestia, o presidente Bolsonaro não corre o perigo de ser o Posto Ipiranga e servir de menino-propaganda.
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